Minha paixão pelo futebol acho que começou com meu tio Afonso,
centroavante dos bons da várzea da Vila Maria e seu filho Milton, meu primo, no
começo da década de 70.
Nunca
esqueço que um dia, no começo do ano, meu tio disse que, se eu deixasse de ser
corintiano e virasse sãopaulino ele me daria um campo do "Estrelão"
no Natal (que eu guardo até hoje), aí eu falei que tudo bem, mas, como paixão a
gente não escolhe, não pude cumprir a promessa...
Meu
primo era o maior craque (não profissional) que eu já vi jogar e eu tinha o
maior orgulho de ser primo dele.
Eu
sempre fui no máximo um zagueirão "becão de fazenda" botinudo e
esforçado.
Ele
começou jogando no dente-de-leite do São Paulo e mais ou menos quando eu tinha
uns 10 anos, meu tio me levava para assistir seus jogos na Rua Comendador Souza
(campo do Nacional) onde todo sábado de manhã tinha um jogo que era transmitido
pela extinta TV Tupi.
Depois,
quando ele passou para o antigo juvenil (hoje, juniores), os treinos eram no
estádio do Morumbi, quer dizer, num campo anexo ao
Morumbi, de onde dava para vermos jogadores como Pedro Rocha, Gérson, Toninho
treinando.
Aquele gramado verdinho, impecável,
foi amor à primeira vista.
O
Milton, que jogava de volante, chegou a treinar com o Muricy e, segundo ele,
levou até bronca dele por errar um passe (ou seja, naquela época o cara já era
ranzinza...).
Aí, o
tempo foi passando, meu primo sentia-se sem oportunidades no time e,
infelizmente, acabou desistindo do futebol.
Nós
crescemos vendo o finalzinho da carreira do Pelé (que parou em 74) e éramos fãs
do grande Zico, dos laterais Nelinho e Marinho Chagas, do Falcão, entre tantos
outros.
E
assim, entre nossas peladas nos campinhos sem terra (cujas brigas homéricas
comentamos até hoje), jogos de botão, coleção de figurinhas, coleção da Revista
Placar (comprávamos a revista e recortávamos as fotos dos jogadores para colar
nos jogos de botão), pebolim e "gol-a-gol" que brincávamos no
corredor da casa, fui me apaixonando pelo futebol... que dura até hoje.